quarta-feira, 19 de março de 2008

Desemprego de Técnicos Superiores

Assiste-se numa base diária e crescente à falta de resposta laboral dos técnicos superiores, enquanto que o nosso Primeiro Ministro, cuja formação académica foi tema de controvérsia e chacota, surge nos média a estimular os jovens para lutarem por um futuro promissor mediante o prosseguimento dos estudos. È deveras difícil, estimular os jovens para investirem num projecto, que implica custos económicos, familiares e pessoais, para no final engrossarem as listas do desemprego.
Os jovens para além de, viverem numa era em que é difícil cultivar hábitos de leitura, dada a supremacia dos meios áudio visuais, estão também impregnados na cultura do facilitismo e do protagonismo, em que os vencedores, não são aqueles que lutam por alcançar um objectivo, mas antes aqueles que, participam em reality shows, em que os valores e os princípios são comercializados em troca de fama e oportunidades.
Como convencer os jovens que se queres ser alguém tens que estudar, se o que a realidade lhes diz é: se queres ser alguém, vende a tua intimidade, exibe-te, cai no ridículo, que depois podes ter um programa de televisão. Por outro lado, se estudas e não tens berço ou conhecimentos, vais continuar a contar tostões e a confrontares-te com a máxima que o dinheiro tudo compra e as tuas habilitações não passam de um papel.
E tu, que foste atrás do sonho, que tens sede de saber, que investiste, esforçaste-te e conseguiste, a tua vitória, resumiu-se a esse momento de glória: o acabar do curso.
De vez enquanto vem uma luz, tu vais atrás, uma oportunidade: começam por te dizer que tens que ser polivalente, ou seja, tens que desempenhar uma função que não se relaciona com a tua formação, ou tens que desempenhar a tua função, mas não podes ambicionar um salário justo, porque tens que ver o teu papel como uma missão, sendo que é ofensivo ou quiçá pretensioso, desejares uma estabilidade económica, que te permita autonomizares do teu seio familiar e constituíres família. Mas a leitura que é feita, é que os jovens prolongam a sua adolescência e são cada vez mais irresponsáveis, é certo que isso se verifica, pois a cultura dos morangos está cada vez mais em voga, mas que meios a sociedade dispõe para aqueles que contrariam esta tendência e lutam por esse crescimento, são castrados e dilacerados na sua esperança por uma vida melhor e defraudam as expectativas dos pais, não por não terem desempenhado o seu papel, mas porque apesar dos sacrifícios, também estão subjugados às diferenças e injustiças sociais e a tão falada mobilidade social, não passou de um slogan, que o Sócrates agora proclama e apregoa.

Isabel do Carmo, Psicóloga Clínica

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